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Hubble captura uma galáxia com uma ‘luz proibida’ que desafia as leis da Física

O telescópio espacial tira um retrato da galáxia espiral MCG-01-24-014

Luz "prohibida" del Telescopio Espacial Hubble.
A luz 'proibida' captada pelo Telescópio Espacial Hubble/NASA A luz 'proibida' captada pelo Telescópio Espacial Hubble/NASA

Uma nova imagem do Telescópio Espacial Hubble conseguiu capturar a luz ‘proibida’ de uma galáxia espiral distante, o que para muitos pode representar uma peça complexa em um enigma que desafia algumas de nossas concepções básicas sobre física.

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Embora o Hubble tenha seus dias contados e existam projetos ativos que atualmente avaliam qual poderia ser o substituto operacional desse artefato, como é o caso do CASTOR, acabamos de comprovar que o telescópio ainda é de grande utilidade a cada nova descoberta.

A imagem, publicada em 18 de dezembro pela Agência Espacial Europeia (ESA) no blog oficial do Hubble, mostra a galáxia MCG-01-24-014, localizada a cerca de 275 milhões de anos-luz da Terra, em um retrato frontal com seus braços espirais criando uma forma circular quase perfeita.

No centro da galáxia, encontra-se um núcleo energético brilhante, conhecido como Núcleo Galáctico Ativo (AGN), sendo considerado tecnicamente como uma galáxia Seyfert de tipo 2.

As galáxias Seyfert podem ser classificadas de acordo com a intensidade da luz emitida pelos seus núcleos ativos. Neste caso, as do tipo 2, como MCG-01-24-014, emitem linhas espectrais associadas às chamadas emissões ou luzes ‘proibidas’.

O que são as ‘luzes proibidas’?

O fenômeno retratado pelo Hubble recentemente tem sido objeto de análise nos últimos dias pela comunidade científica da NASA e da própria ESA.

A luz ‘proibida’ é uma forma de radiação eletromagnética que não deveria ser possível de acordo com as leis da Física Quântica. No entanto, é observada no Espaço, no meio de núcleos galácticos ativos.

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Na verdade, em seu comunicado oficial sobre a descoberta, são apresentadas as diretrizes básicas para estudar o fenômeno:

Telescópio Hubble/NASA Telescópio Hubble/NASA (NASA/Europa Press)

Para entender por que a luz emitida por uma galáxia pode ser considerada ‘proibida’, é útil primeiro entender por que existem os espectros.

Os espectros são vistos desta forma porque certos átomos e moléculas absorverão e emitirão luz de maneira muito confiável em comprimentos de onda muito específicos.

A Física Quântica é complexa, e algumas das regras usadas para prever seu comportamento são baseadas em suposições que se adequam às condições de laboratório aqui na Terra.

Em termos gerais, sobre a origem dessas luzes ‘proibidas’, os elétrons, as pequenas partículas que orbitam ao redor dos núcleos dos átomos, perdem ou ganham quantidades específicas de energia, que correspondem a certos comprimentos de onda de luz que são absorvidos ou emitidos.

Luces prohibidas de una galaxia capturadas por el telescopio Hubble.
Luzes 'proibidas' captadas pelo Hubble/ESA Luzes 'proibidas' captadas pelo Hubble/ESA

No entanto, certas linhas de emissão espectral são consideradas ‘proibidas’ porque são observadas no Espaço, mas não ocorrem em condições normais na Terra.

Conforme detalhado pela ESA em seu comunicado, de acordo com as regras da Física Quântica, essa emissão de luz na Terra está ‘proibida’, pois é tão improvável que é ignorada.

Mas no Espaço, no meio de um núcleo galáctico energético, essas suposições já não se sustentam, e a luz ‘proibida’ tem a oportunidade de brilhar para ser captada.

Então, este retrato da galáxia MCG-01-24-014 mostra o poder do Telescópio Espacial Hubble, que nos permite observar o universo distante e entender melhor como funcionam as galáxias ativas.

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