A trama entre a Inteligência Artificial e o Papa Francisco tem sido um dos temas que tem nos dado o que falar neste ano de 2023.
Após a viralização de fotos do Sumo Pontífice vestindo roupas de marca ou se divertindo em festas, sua preocupação com os usos desta tecnologia não demorou a aparecer.
Agora, o Papa argentino referiu-se ao assunto, instando os líderes mundiais a desenvolver um tratado internacional vinculativo para regular o uso da inteligência artificial (IA).

Uma visão ética para a IA
Em sua mensagem anual do Dia Mundial da Paz intitulada "Inteligência Artificial e Paz", o pontífice alertou sobre os riscos de uma "ditadura tecnológica" que poderia ameaçar a paz e a democracia.
Francisco enfatizou a necessidade de um quadro ético no desenvolvimento da IA e destacou a importância da capacidade humana para o julgamento moral e a tomada de decisões éticas, que não pode ser substituída por algoritmos ou máquinas, por mais avançados que sejam.
"É necessário levantar uma série de perguntas urgentes. Quais serão as consequências, a médio e longo prazo, dessas novas tecnologias digitais? E qual será o impacto nas vidas individuais e nas sociedades, na estabilidade internacional e na paz?", questiona a sua mensagem.
Além disso, Francisco expressou sua preocupação sobre o uso de sistemas de armamento controlados por IA e outros usos indevidos da tecnologia, como a interferência em eleições, o aumento da vigilância na sociedade e a exacerbacão das desigualdades.
Estes fatores, segundo o Papa, "correm o risco de alimentar os conflitos e obstruir a paz".
Na mesma linha, o cardeal Michael Czerny, colaborador do Papa, destacou em uma coletiva de imprensa que, embora Francisco não rejeite a tecnologia, ele considera que a IA é uma “aposta” importante para o futuro da humanidade, portanto, sua regulamentação deveria ser iminente.
Benefícios da IA segundo o Papa
Embora este "apelo à reflexão" busque avaliar o impacto global da IA na vida cotidiana, nem tudo pode ser tão ruim.
O Papa também reconheceu os avanços impressionantes em ciência e tecnologia, apontando que a IA pode trazer "oportunidades empolgantes".
"A minha oração no início do novo ano é que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já numerosas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas sim que ajude a pôr fim às guerras e aos conflitos, e a aliviar tantas formas de sofrimento que afetam a família humana", expressa na sua carta.
No entanto, esta mensagem do Papa surge num contexto em que a União Europeia já alcançou um acordo provisório sobre uma nova lei de inteligência artificial, enquanto países como a China e os Estados Unidos também estão trabalhando nisso.

